InícioBrasilDireita prepara ofensiva no Senado em 2026: veja os mais cotados

Direita prepara ofensiva no Senado em 2026: veja os mais cotados

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A eleição para o Senado em 2026 é vista como crucial pela direita para formar maioria capaz de se contrapor aos excessos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e tornar viável a possibilidade de abrir processos de impeachment de membros da Corte.

Nos últimos seis anos, a Corte promoveu uma escalada de atos abusivos, como inquéritos inconstitucionais, prisões ilegais e censura a políticos, influenciadores e usuários comuns nas redes sociais, em especial contra alinhados à direita conservadora. Apesar disso, grande parte dos senadores – e, principalmente, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP) – resistem a iniciar qualquer processo de impeachment de ministros.

Atualmente cerca de 70 pedidos de impeachment contra membros do STF aguardam na mesa da Presidência do Senado, sendo o principal alvo o ministro Alexandre de Moraes, que enfrenta uma série de acusações de abuso de autoridade.

Para alcançar o mínimo de 41 senadores que tenham a pauta do combate aos abusos da Suprema Corte como prioridade, há uma intensa articulação entre lideranças da direita, sobretudo do Partido Liberal (PL) e do partido Novo, para lançar nomes viáveis para as disputas em todos os estados.

No mês passado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que a disputa ao Senado é mais importante do que à Presidência da República. “O jogo mais interessante é o Senado porque ele é capaz de parar os ditadores de toga. O presidente não. A gente está vendo o Lula ter que pedir licença para tudo que ele faz ao STF. Inclusive quando ele perde no Congresso ele leva ao STF”, declarou o parlamentar em entrevista à Jovem Pan

Desafio da direita de frear abusos do STF pode exigir esforço ainda maior

A missão de combater excessos da mais alta Corte do país pode se tornar mais complexa após a controversa decisão liminar de Gilmar Mendes, no início de dezembro, que tornou ainda mais difícil o avanço de qualquer processo de impeachment de membros do Supremo. Caso a liminar, que será analisada em plenário virtual entre 12 e 19 de dezembro, seja confirmada pelos demais ministros, serão necessários 54 senadores para aprovar um parecer de impeachment.

Por isso o ano de 2026 é ainda mais estratégico, já que haverá uma renovação maior no Senado. Em 2022, foram preenchidas 27 vagas; em 2026, serão 54. Por outro lado, com apenas duas vagas por estado, em alguns locais o clima tem esquentado entre nomes da direita, que temem não serem indicados para a disputa.

A Gazeta do Povo mapeou quais são os principais nomes com discurso de combate aos abusos do STF que já anunciaram a pré-candidatura ou que podem se declarar pré-candidatos nos próximos meses. Veja a lista completa a seguir.

* Com a provável manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alguns dos seus familiares (Michelle, Eduardo, Flávio e Carlos) têm sido avaliados para diferentes cenários eleitorais, incluindo a disputa presidencial, como titulares ou vice. Caso um ou mais componham uma chapa presidencial, é esperado que os demais tentem uma cadeira no Senado – há, entretanto, ponderações para cada um dos nomes.

Direita no Senado: nomes que podem ser lançados na disputa em 2026

Michelle Bolsonaro (PL-DF)
Cargo atual: presidente do PL Mulher

Jair Bolsonaro já declarou mais de uma vez que Michelle seria um dos nomes da direita para o Senado no próximo ano. Como presidente do PL Mulher desde 2023, a ex-primeira-dama tem percorrido vários estados organizando encontros regionais, palestras e eventos de filiação de mulheres conservadoras e participando de articulações para as eleições de 2026.

Em vários dos seus discursos e publicações nos últimos anos, ela expressou insatisfação com a conduta de ministros do STF, sobretudo de Moraes. Após a recente ordem de prisão determinada por Moraes a Bolsonaro, ela divulgou uma dura nota, dizendo que “o algoz escolhido pelo Sistema age irresponsável e draconianamente, violando leis e direitos fundamentais de cidadãos brasileiros”.

Michelle, entretanto, costuma evitar dar declarações sobre eventuais aspirações por cargos eletivos. No início de dezembro a ex-primeira-dama decidiu se afastar temporariamente das atividades partidárias para tratar questões de saúde.

Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher (Foto: Assessoria de Comunicação/PL Mulher)

Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
Cargo atual: deputado federal

Eduardo Bolsonaro já manifestou algumas vezes seu interesse em concorrer à Presidência, sempre colocando a possibilidade como um plano B ou uma “missão” a depender da situação do seu pai. Apesar disso, o PL prefere que o deputado tente uma vaga no Senado ou, ainda, busque a reeleição na Câmara.

No entanto, sua situação política é instável, já que desde março de 2025 ele mora nos Estados Unidos buscando articular reações do governo norte-americano contra o Supremo brasileiro. A medida gerou problemas para o deputado, como a abertura de inquérito na Corte, o que levou Eduardo a dizer que não pode voltar para o Brasil por receio de ser preso. 

Em teoria, o deputado pode concorrer ao Senado sem estar morando no Brasil, mas caso vença, seu retorno seria imprescindível para tomar posse e exercer o mandato.

Carlos Bolsonaro (PL-SC)
Cargo atual: Vereador do Rio de Janeiro

Em junho, Jair Bolsonaro declarou que o filho Carlos, que atualmente cumpre o sétimo mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, deixaria o estado para disputar uma vaga no Senado por Santa Catarina em 2026. Segundo o ex-presidente, a candidatura pelo Rio de Janeiro “atrapalharia” outros nomes do partido, que poderiam perder votos.

A iniciativa gerou fortes divergências, já que o estado catarinense conta com vários nomes fortes para a disputa, como as atuais deputadas federais Caroline De Toni e Julia Zanatta, do PL, e o senador Espiridião Amin (PP), que está em término de mandato e deve tentar a reeleição.

  • Gilmar suspende regra que permite a todo cidadão pedir impeachment de ministros do STF e PGR
  • Mais de um terço dos senadores quer saber quantas vozes foram caladas pelo STF

Bia Kicis (PL-DF)
Cargo atual: deputada federal

No início de novembro, Bia Kicis lançou sua pré-candidatura em evento com a presença de Michelle e Flávio Bolsonaro e do presidente do PL. A deputada é uma das figuras mais proeminentes da direita e já ocupou cargos de destaque na Câmara, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), vice-líder do governo durante a gestão Bolsonaro e líder da minoria durante parte da atual legislatura.

Ela também já fez duras falas contra a atual composição do STF, classificando o colegiado como parte de uma “farsa judicial”.

Mas a disputa por vagas da direita no Distrito Federal deve ser acirrada, já que além de Bia Kicis, já confirmada, nomes como Michelle Bolsonaro, o governador Ibaneis Rocha (MDB) e o senador Izalci Lucas (PL), que deve tentar reeleição, surgem como “pretendentes”.

Caroline De Toni (PL-SC)
Cargo atual: deputada federal

Envolvida em um imbróglio envolvendo as indicações ao Senado por Santa Catarina, a parlamentar apareceu em primeiro lugar na pesquisa mais recente, divulgada no início de novembro, à frente de Carlos Bolsonaro e Esperidião Amin. Segundo Caroline, o governador catarinense Jorginho Mello (PL-SC), aliado de Bolsonaro, havia lhe prometido uma das duas candidaturas da direita, mas teria voltado atrás e estaria defendendo o nome do senador Esperidião Amin. Recentemente, a deputada afirmou que pode deixar o Partido Liberal se for preterida na disputa ao Senado.

Ricardo Salles (Novo-SP)
Cargo atual: deputado federal

Ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro e um dos parlamentares mais votados do país em 2022, Salles já manifestou a intenção de disputar uma vaga como senador, mas revelou à Gazeta do Povo que avalia concorrer ao governo paulista caso o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entre na corrida presidencial.

Caso mantenha a candidatura a senador, Salles terá que disputar com outros nomes fortes da direita em São Paulo, incluindo a eventual candidatura do próprio Eduardo Bolsonaro.

Guilherme Derrite (PP-SP)
Cargo atual: deputado federal

Outro nome que busca ser um dos dois escolhidos pelas lideranças da direita bolsonarista para a disputa ao Senado, Derrite ganhou visibilidade nacional na atuação como secretário de segurança pública no governo de Tarcísio e, mais recentemente, na relatoria do projeto de lei apelidado “PL antifacção”, aprovado em novembro na Câmara, que endurece as penas para o crime organizado.

Apesar disso, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, expressou a intenção de que Derrite dispute o governo de São Paulo em 2026, caso Tarcísio seja candidato à Presidência.

Deltan Dallagnol (Novo-PR)
Cargo atual: Cargo de liderança no partido Novo

Apesar de ter tido seu mandato de deputado federal cassado em 2023, o TSE não o declarou inelegível. O ex-procurador da Lava Jato é visto como um dos nomes mais fortes da direita no Paraná para as próximas eleições, e durante o mandato na Câmara foi uma das vozes fortes contra abusos do STF.

Em abril, o Partido Novo manifestou a intenção de lançar o ex-procurador ao Senado em 2026. Um levantamento da Neokemp Pesquisas divulgado no início de novembro mostrou que Deltan lidera as intenções de voto entre os paranaenses, seguido por Cristina Graeml (União).

Cristina Graeml (União-PR)
Cargo atual: jornalista

Fortalecida após ter ido ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de Curitiba em 2024 somando 42,36% dos votos (390.254) em sua primeira disputa eleitoral e filiada a um partido nanico, o PMB, Cristina Graeml anunciou sua pré-candidatura ao Senado em fevereiro durante o curto período em que integrou o partido Podemos. Ao migrar para o União, em setembro, a jornalista reforçou a intenção de disputar uma cadeira como senadora.

Marcada pela intensa cobertura jornalística dos presos do 8 de janeiro, com críticas contundentes aos excessos de ministros do Supremo no tratamento e julgamento dos réus, Cristina recebeu apoio de Jair Bolsonaro em sua campanha à Prefeitura de Curitiba.

Filipe Barros (PL-PR)
Cargo atual: deputado federal

Outro nome de confiança de Bolsonaro na direita paranaense, Filipe Barros pode duelar para ser um dos indicados para a candidatura ao Senado ou optar pela tentativa de reeleição na Câmara, onde já assumiu postos estratégicos para a oposição ao governo Lula, ocupando atualmente a Comissão de Relações Exteriores.

O caminho para o Senado, entretanto, não é fácil, devido à concorrência com outros nomes da direita que, na pesquisa mais recente, ficaram mais bem posicionados do que Barros.

Marcel Van Hattem (Novo-RS)
Cargo atual: deputado federal

Uma das vozes mais combativas ao ativismo judicial e aos abusos do STF, Van Hattem também tem sido um articulador do avanço da anistia aos presos pelo 8 de janeiro na Câmara. Em abril, o partido Novo anunciou que o deputado disputaria uma vaga no Senado em 2026.

Em pesquisa da Neokemp divulgada no início de novembro, Van Hattem apareceu em primeiro lugar nas intenções de voto, seguido pelo atual governador gaúcho, Eduardo Leite. 

Diferente de outros estados, no Rio Grande do Sul não há muitos nomes da direita para o Senado. Além do membro do Novo, até o momento há apenas o deputado federal Sanderson (PL) como provável candidato, fazendo com que as candidaturas de ambos sejam viáveis.

Senado direita 2026Candidatura de Marcel Van Hattem ao Senado foi confirmada pelo partido Novo (Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados)

Helio Lopes (PL-RJ)
Cargo atual: deputado federal

Bastante próximo de Jair Bolsonaro, a quem se refere como “irmão”, o deputado pode enfrentar dificuldades para ser o nome indicado pelo ex-presidente devido à ampla concorrência de nomes da direita no Rio de Janeiro.

Como alternativa, o PL também considera lançar Hélio Lopes ao Senado por Roraima, um estado com grande apelo bolsonarista. A alternativa seria uma forma de “salvar” um nome importante em um estado onde a chance de vitória fosse maior.

Gustavo Gayer (PL-GO)
Cargo atual: deputado federal

Um dos principais “soldados” do bolsonarismo na Câmara, Gayer teve sua pré-candidatura ao Senado lançada pelo PL no mês passado. Com perfil combativo, ele é um forte crítico de Alexandre de Moraes e dos abusos do STF.

Outros nomes do estado, alinhados à direita, que podem concorrer entre si são o governador Ronaldo Caiado (União), sua esposa, Gracinha Caiado (União), e o ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL).

Gilson Machado (PL-PE)
Cargo atual: nenhum

Ministro do Turismo na gestão Bolsonaro, Gilson Machado conta com apoio direto do ex-presidente, que já manifestou publicamente seu desejo de que o ex-ministro dispute uma cadeira no Senado. Apesar disso, Machado enfrenta forte concorrência interna dentro do PL. 

O presidente da legenda, Anderson Ferreira, é outro cotado para a candidatura, o que levou Machado a manifestar, recentemente, a intenção de mudar de partido para viabilizar sua candidatura. Segundo ele, a resistência ao seu nome dentro do PL de Pernambuco seria uma falta de respeito à “hierarquia” sob o comando de Bolsonaro.

Capitão Alberto Neto (PL-AM)
Cargo atual: deputado federal

Um dos principais nomes da direita e do bolsonarismo na região Norte, Alberto Neto anunciou no mês passado, em um podcast, sua pré-candidatura ao Senado. Segundo o parlamentar, ele teria recebido o convite de Jair Bolsonaro. Outros nomes ligados à direita que devem ser lançados ao Senado no estado amazonense são o atual governador, Wilson Lima (União), e o senador Plínio Valério (PSDB), que deve tentar a reeleição.

Nikolas não disputará vaga no Senado?

Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado do Brasil nas eleições de 2022 e um dos nomes mais proeminentes da direita alinhada a Bolsonaro em Brasília, possivelmente ficará de fora da corrida ao Senado. Isso porque ele ainda não terá completado 35 anos, idade mínima para ser senador. 

O mineiro declarou, recentemente, que o Senado “encaixaria como uma luva”, mas sua candidatura dependeria de uma lei que autorizasse a redução da idade mínima até a oficialização das candidaturas, em agosto de 2026. Seu provável destino deve ser a disputa pela reeleição na Câmara, o que o PL vê com bons olhos, já que o deputado seria um “puxador de votos” para a legenda.

Atuais senadores da direita que podem tentar a reeleição

Todos os senadores eleitos em 2018 encerram seus mandatos em 2026. Vários deles são representantes da direita bolsonarista e, assim como Flávio Bolsonaro, podem tentar a reeleição. Entre eles estão Carlos Viana (Podemos-MG), Izalci Lucas (PL-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Carlos Portinho (PL-RJ), Marcos Rogério (PL-RO), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Esperidião Amin (PP-SC).

Já um dos senadores em fim de mandato mais combativos aos excessos do STF, Eduardo Girão (Novo-CE), anunciou que não tentará a reeleição. Sua escolha foi por disputar o governo do Ceará.

Por outro lado, os senadores eleitos em 2022 permanecerão até 2030. Entre os representantes da direita que seguem no cargo e devem manter o discurso combativo ao STF nos próximos anos estão Damares Alves (Republicanos-DF), Magno Malta (PL-ES), Tereza Cristina (PP-MS), Rogério Marinho (PL-RN), Sergio Moro (União-PR) e Jorge Seif (PL-SC).

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