A decisão do governo dos Estados Unidos de suspender as sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa Viviane Barci, anunciada na sexta-feira (12), gerou conflitos entre figuras importantes da direita brasileira, levados a público na rede social X.
A briga começou após o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) divulgar, na sexta, uma nota sobre a decisão americana, em que afirmou lamentar que “a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais”. Segundo ele, “a falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual”.
Logo depois, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) interagiu concordando com uma publicação da jornalista Paula Schmitt. “Resumindo: se a Magnitsky pegasse, o mérito era do time trabalhando intrepidamente nos EUA; não pegando, a culpa é da direita inteira. Gostei! Vou adotar”, disse ela. Nikolas repostou o conteúdo e disse: “É o que sobrou”.
A interação de Nikolas com Paula foi apoiada por alguns usuários, mas criticada por direitistas mais próximos de Eduardo. O jornalista Allan dos Santos se envolveu, afirmando que Nikolas o havia criticado em um grupo de WhatsApp com parlamentares.
No grupo, o deputado havia feito uma ironia dizendo “a culpa já é nossa” e enviado o print de uma postagem de 9 de dezembro em que Allan dos Santos desdenhava da possibilidade de remoção da Magnitsky por Donald Trump. “Spoiler: Lula não conseguirá retirar Magnitsky do casal Moraes”, afirmava Allan, em publicação já removida do X.
O jornalista decidiu tirar satisfação com o deputado publicamente: “Por que enviar meu tuíte no grupo do WhatsApp dos deputados, Nikolas? Quer entrar ao vivo para discutir o assunto?”, questionou. “Não, porque você é um bosta”, replicou o parlamentar.
Algumas horas depois, Nikolas fez uma postagem mais longa no X, dizendo que “atribuir ao povo brasileiro ou aos parlamentares” a culpa pela decisão de Trump é “uma fraude intelectual”.
“O país não precisa de bodes expiatórios nem de narrativas infantis. Precisa de lucidez, caráter e união. Dividir o povo e quem os representa é o último recurso de quem já perdeu qualquer compromisso com a verdade”, afirmou.
No sábado (14), Eduardo postou: “Os canalhas de plantão, com interesses políticos pessoais, correram para dizer que eu estava criticando todos os brasileiros, na tentativa de jogá-los contra mim. Qualquer um honesto intelectualmente percebeu que a crítica era para pessoas mesquinhas, que não conseguem olhar para além do próprio umbigo. Mas se a carapuça serviu, paciência…”
Desde a aplicação inicial da sanção, Nikolas e outros parlamentares da direita já vinham sendo criticados por aliados de Eduardo, que os acusavam de não dar a devida importância ao trabalho conduzido pelo filho de Bolsonaro e o jornalista Paulo Figueiredo nos Estados Unidos para viabilizar a Magnitsky contra Moraes. Em sentido oposto, o grupo próximo a Eduardo também é alvo de críticas dentro da direita, acusado por adversários internos de criar expectativas elevadas em torno da sanção e de apresentar o esforço internacional como decisivo, mesmo sem garantias de que a medida se sustentaria.
Outros parlamentares da direita acabam envolvidos na briga sobre a Magnitsky
Outros parlamentares da oposição acabaram recebendo críticas da própria direita. Na tarde da sexta, a deputada Bia Kicis (PL-DF) republicou a postagem de Nikolas, afirmando: “Eu ia escrever sobre isso, mas você disse o que eu penso, por isso vou apenas repostar suas palavras. Abraços”.
Alguns usuários criticaram o que consideraram um endosso dela em relação ao posicionamento do parlamentar mineiro. A deputada se apressou em esclarecer: “Não endossei resposta do Nikolas a Eduardo Bolsonaro, cujas ações nos EUA sempre apoiei. Endossei uma manifestação que repudia brigas e divisões da direita nesse momento tão difícil para nós, em que fomos surpreendidos pela retirada da sanção a Alexandre de Moraes e esposa”.
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-AL) reagiu à decisão de Trump dizendo que foi positiva enquanto durou e “abriu uma janela histórica para o Brasil”, mas que agora resta aos brasileiros “fazer a nossa parte: restaurar o equilíbrio entre os Poderes e resgatar uma democracia corroída por decisões unilaterais e sem freios”. Já o senador Rogério Marinho (PL-RN) postou um vídeo manifestando o desejo de “que isso seja um episódio que sirva para que a sociedade brasileira entenda que a resolução dos nossos problemas está no nosso país”.
O influenciador Kim Paim, próximo de Eduardo, repostou publicações com milhares de curtidas criticando a “mediocridade” de Sóstenes e classificando como “baboseira” a fala de Marinho.
Gil Diniz (PL), deputado estadual de São Paulo, criticou direitistas que “silenciaram sobre o trabalho de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo esse tempo todo nos EUA”. “Não ajudaram em com recursos, não ajudaram sequer com apoio moral, publicidade. Mas, se acham os paladinos da virtude!”
Na noite de sábado, Nikolas reagiu com um coração e um aperto de mão a um comentário sobre uma postagem em sua defesa feita pelo usuário Felipe Leme. “Tudo que acontece o Nikolas Ferreira toma de graça. Eu não enxergo essa traição que falam do cara que foi até a casa do Bolsonaro sendo espionado pela Globo, que nunca se esquece dos presos do 8/1 e que estava lá dentro do limite da realidade brigando pela dosimetria (que é o que restou mesmo)”, afirmou Leme. “Do mesmo jeito que o Eduardo fez o que era possível (e até mais do que eu esperava) lá nos EUA, o cara faz na Câmara também. Eu sou a favor de bater apenas na comunada! Esse racha tem que acabar!”, acrescentou.
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