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Lula embarca para Celac neste domingo para discutir Venezuela e defender paz na região | Brasil

Em busca de demonstrar “solidariedade” com a Venezuela e evitar a escalada de tensões com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para a Colômbia neste domingo (9) para marcar presença na chamada cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Inicialmente, Lula não iria participar do encontro, mas foi convencido por assessores próximos a se deslocar até Santa Marta, cidade colombiana que sediará a reunião, justamente para tentar construir uma possível interlocução e evitar um iminente conflito entre as forças de Nicolás Maduro e Donald Trump — o que seria o primeiro confronto militar na América do Sul após um longo período de paz.

A reunião da Celac tem como objetivo primário uma aproximação com representantes da União Europeia, mas o próprio Itamaraty reconhece que, diante da gravidade dos fatos, a questão venezuelana tende a dominar os debates na cúpula.

“O tema [da Venezuela] será discutido [na cúpula da Celac]. Agora, como isso aparecerá na declaração final [da reunião], não tem como saber. Óbvio que o tema será discutido, porque é um tema grave da região”, explicou a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan.

O assunto é especialmente delicado para o governo brasileiro porque, há algumas semanas, Lula conseguiu, enfim, destravar um canal de comunicação com o presidente dos Estados Unidos para tratar do tarifaço.

Apesar desse quadro complexo, o embaixador e assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, negou que a posição do Brasil, em defesa da Venezuela, possa atrapalhar tanto o papel moderador do Itamaraty quanto as negociações comerciais com os americanos.

Na avaliação de Amorim, o chefe do Executivo brasileiro deve defender o país vizinho por ser da mesma região e compartilhar fronteiras. “Temos que defender a América do Sul. Nós vivemos aqui. O Brasil tem fronteiras com dez países da América do Sul. É diferente”, afirmou a jornalistas na quinta-feira (6), no âmbito da Cúpula de Líderes do Clima.

Recentemente, Lula aproveitou uma reunião bilateral com Trump, realizada na Malásia, para sugerir justamente que o Brasil atue como interlocutor junto à Venezuela.

Essa proposta não é propriamente nova, já que o governo brasileiro teve esse mesmo papel em outras duas ocasiões que envolviam o país vizinho. A primeira vez foi em 2003, durante o governo Hugo Chávez, e a segunda aconteceu recentemente, quando a Venezuela cogitou tomar o controle da região de Essequibo, na Guiana.

Nos bastidores, diplomatas experientes explicam, em condição de anonimato, que o Brasil deixará claro, tanto para os americanos quanto para outros países da região, que a soberania sobre o território sul-americano é algo inegociável.

Diante disso, a avaliação no entorno de Lula é que tanto Brasil quanto Estados Unidos terão que aprender a conviver com posições divergentes em relação à Venezuela.

Na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reafirmou, em entrevista a jornalistas, que Lula vai, sim, aproveitar o encontro entre os países caribenhos e a União Europeia, na Colômbia, para manifestar “solidariedade regional” à Venezuela em função das recentes ameaças do governo americano à nação vizinha.

“É um apoio, é uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente repetidamente já disse, e é a posição da nossa política externa, de que a América Latina e, sobretudo, a América do Sul, onde nós estamos, é uma região de paz e cooperação”, disse Vieira.

A preocupação do Brasil com o tema começou depois da recente investida militar dos Estados Unidos no mar do Caribe. A gestão de Donald Trump tem utilizado o combate ao narcotráfico como justificativa para cogitar uma invasão por terra ao território venezuelano.

Coincidentemente, em meio a esse imbróglio, autoridades brasileiras devem se deslocar até Washington, capital dos Estados Unidos, nos próximos dias. O assunto da viagem será outro, mas igualmente preocupante: as negociações sobre as sanções comerciais americanas contra os produtos brasileiros.

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