A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) cogita se tornar “mais agressiva” em relação aos episódios envolvendo ataques cibernéticos e violação do espaço aéreo por parte da Rússia, conforme declarações dadas nesta segunda-feira (1º) pelo almirante Giuseppe Cavo Dragone, que faz parte do mais alto escalão da organização, em entrevista ao jornal Financial Times.
“Estamos estudando tudo […] Em relação ao ciberespaço, temos uma postura reativa. Ser mais agressivo ou proativo em vez de reativo é algo que estamos considerando”, afirmou Dragone, que preside o comitê militar da Otan.
Desde o início da guerra na Ucrânia, há quase quatro anos, os países europeus, especialmente os do flanco leste da organização, relatam constates interferências em seus sistemas — algumas atribuídas à Rússia, outras de origem desconhecida.
Segundo Dragone, nesse contexto, um ataque “preventivo” poderia ser considerado uma ação defensiva por parte da organização, mas ponderou que tal medida está “muito distante da nossa maneira de pensar e agir”.
Autoridades europeias, incluindo de corpos diplomáticos, têm solicitado à Otan para que a organização mude sua postura meramente reativa e retalie Moscou.
“Ser mais agressivo do que a agressividade do nosso adversário poderia ser uma opção. [As questões são] o quadro legal, o quadro jurisdicional, quem vai fazer isso?”, completou Dragone.
Ele também menciona o sucesso da operação Sentinela do Báltico (Baltic Sentry), feita por navios e aeronaves, além de drones, na região do Mar Báltico para impedir incidentes envolvendo cortes de cabos por parte da “frota fantasma” russa.
A questão, porém, se transformou em algo delicado após um tribunal da Finlândia rejeitar um processo contra a tripulação de embarcação russa que cortou cabos de energia e dados, ao alegar que o navio navegava em águas internacionais.
Nesse sentido, Dragone ressalta que a Otan possui “muito mais limitações” do que a Rússia.
“Por causa da ética, da lei, da jurisdição. É uma questão. Não quero dizer que seja uma posição perdedora, mas é uma posição mais difícil do que a de nossa contraparte”, afirmou.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou, em comunicado enviado ao Financial Times, que as declarações do almirante simbolizam “um passo extremamente irresponsável” e uma disposição em “seguir caminhado para uma escalada”.
Na semana passada, o líder russo, Vladimir Putin, negou que tenha qualquer intenção de atacar a Europa. “Isso é ridículo”, comentou, ao ser questionado sobre o assunto.
A Otan, por sua vez, possui o modus operandi de uma força reativa, ou seja, só atacar quando um de seus membros for alvejado.
Em um dos poucos ataques diretos de sua história, em março de 1999 a Otan iniciou uma ofensiva de 78 dias contra Belgrado, na antiga Iugoslávia (atual Sérvia), sob o pretexto de proteção às minorias étnicas do Kosovo, que também era partir do antigo estado iugoslavo.
@mesquitaalerta – Aqui, a informação nunca para.
