Presidentes sul-americanos vêm ganhando a simpatia do Hamas desde o massacre em Israel há dois anos, que deixou quase 1,2 mil mortos no país.
Com alegações de “genocídio” e “ocupação ilegal” de Gaza, seus discursos têm sido reproduzidos e respaldados pelos terroristas, que justificaram na última terça-feira (7), antes que um cessar-fogo intermediado pelos EUA entrasse em vigor no enclave, a “necessidade” dos ataques a Israel em prol da “causa palestina”.
Entre os líderes mundiais recentemente elogiados pelo Hamas estão o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o colombiano, Gustavo Petro, que determinou a expulsão de diplomatas israelenses e a suspensão do tratado de livre comércio com o país do Oriente Médio no início do mês.
No último dia 2, o grupo terrorista disse por meio de um comunicado que “valoriza” a decisão do governo da Colômbia, referindo-se à expulsão de diplomatas e suspensão do acordo comercial. A medida foi tomada por Petro após a interceptação da flotilha com a ativista Greta Thunberg em direção à Faixa de Gaza.
O governo de esquerda colombiano já havia rompido relações com Israel em maio do ano passado, mas alguns funcionários permaneciam no país para atividades de caráter consular e de cooperação, segundo informou o ex-chanceler Julio Londoño à Agência EFE.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, Gustavo Petro deu diversas declarações acusando o governo do premiê Benjamin Netanyahu de cometer “genocídio” e “crimes de guerra” em Gaza.
Em uma de suas investidas mais recentes, ele chegou a declarar que o presidente dos EUA, Donald Trump, deveria ser preso se continuasse apoiando Israel, pois, segundo ele, o republicano seria “cúmplice de genocídio”.
O Hamas também simpatizou com o governo Lula, elogiando seu posicionamento sobre a guerra no Oriente Médio. Em fevereiro de 2024, a organização terrorista palestina publicou um comunicado em seu canal no Telegram dizendo que “apreciava” a comparação feita por Lula entre as operações militares de Israel em Gaza e a Alemanha nazista de Hitler.
Na ocasião, o grupo terrorista comentou: “Apreciamos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, que descreveu aquilo a que o nosso povo palestino está sendo submetido na Faixa de Gaza como um Holocausto. O que os sionistas estão fazendo é o mesmo que Hitler fez aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial”.
Mas o reconhecimento ao petista não teve início após o massacre de 7 de outubro em Israel. A organização terrorista parabenizou o brasileiro pela vitória eleitoral em 2022. Na ocasião, Lula foi chamado de “lutador pela liberdade” por um membro de alto escalão do Hamas, Basin Naim.
O governo brasileiro se juntou ao discurso inflamado contra Israel, favorável às alegações de “genocídio”. Após a interceptação da flotilha com Greta na semana passada, o Itamaraty divulgou uma nota condenando a detenção de ativistas e chamando a ação da Marinha israelense de “crime de guerra”.
O Hamas também comemorou o boicote a Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, ocasião na qual várias delegações abandonaram o salão das Nações Unidas, incluindo a brasileira.
Além dos presidentes, um ditador sul-americano, Nicolás Maduro, também é um crítico de longa data de Israel. No dia que marcou os dois anos do massacre em solo israelense pelo Hamas, o líder do regime venezuelano expressou sua “solidariedade ativa” aos controladores da Faixa de Gaza, ao dizer que os palestinos vivem “o genocídio mais brutal conhecido pela humanidade desde os tempos do nazifascismo”.
Em um encontro com embaixadores de ditaduras aliadas como Rússia, China e Cuba, transmitido pelo canal estatal Televisão Venezuelana (VTV), Maduro declarou que 7 de outubro marcou dois anos do início do que ele também descreveu como uma “brutal agressão militar de extermínio”.
“A Palestina é, sem dúvida, a grande causa da humanidade contra a barbárie da hegemonia, o sionismo e o novo fascismo”, disse ele. O chavismo também organizou uma marcha na terça-feira contra o que chamou de “genocídio” de Israel em Gaza.
O alinhamento entre o Hamas e a ditadura chavista também não é uma novidade. Em 2019, o grupo palestino condenou o que chamou de “tentativa de golpe de Estado” contra Maduro na Venezuela após a autoproclamação de Juan Guaidó, então líder da Assembleia Nacional, como presidente interino.
Os terroristas acusaram os Estados Unidos de se intrometer em “assuntos internos” do país sul-americano. Na ocasião, o Hamas agradeceu ao povo venezuelano por seu apoio “inabalável” aos palestinos.
Mas os elogios da organização terrorista ultrapassam o continente americano. Em uma entrevista após o reconhecimento em massa de um Estado palestino em setembro, encabeçado por França e Reino Unido, o Hamas voltou a defender o 7 de outubro como uma “ação histórica” que rendeu conquistas para o grupo.
À emissora Al Jazeera, um membro sênior da ala política da organização terrorista disse que o massacre permitiu que “o mundo abrisse os olhos para a questão palestina”.
Israel condenou a posição de países ocidentais que decidiram reconhecer um Estado palestino no atual cenário do Oriente Médio, alegando que se tratava de uma “recompensa” ao terrorismo.
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